segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Lições de "Como treinar o seu dragão" para a escola.

               "Como treinar o seu dragão" é um filme de 2010, que tem pouco mais de 90 minutos e como todo bom filme de animação carrega uma mensagem reflexiva para crianças e adultos... 
               Ele conta a história de uma ilha onde vivem Vikings que dedicam as suas vidas ao extermínio de dragões que queimam suas lavouras e roubam suas ovelhas. Na Ilha de Berk existe uma crença passada por gerações de que dragões são perigosos e matam pessoas sem piedade.                            Enquanto todas as crianças de lá sonham em fazer o treinamento que as tornará aptas e irem em missões de caça de dragões, Soluço o filho do chefe Stoico não é diferente, porém o fato de ser um menino franzino e desajeitado provoca descrença geral nos demais, 
               Uma noite, sem que todos fiquem sabendo, Soluço consegue acertar um dragão considerado bastante perigoso, chamado Fúria da Noite, capturando-o e o machucando com uma arma. Ao encontrá-lo o pequeno não tem coragem de matá-lo, como julgava sempre sonhar, mas o solta. Porém para o seu completo espanto o dragão não o mata, levantando com isto muitas dúvidas no menino acerca da necessidade daquela guerra entre vikings e dragões.  
               A lição do filme para a escola, e a reflexão que aqui quero levantar especialmente sobre o episódio da escola de Macaé é simples de ser percebida nos comentários e opiniões das pessoas sobre o vídeo do menino. Pois sejam elas leigas ou profissionais da educação se dividem em vikings e soluços...
              Pode-se perceber que a opinião de alguns expressa um sentimento de que a Escola e a Sociedade estão de um lado que é o oposto do lado do menino, uma criança de 7 anos, fruto de relações familiares sim, mas também daquelas que estabelece na escola, e em outros ambientes sociais que provavelmente ele frequenta. Julgar que um aluno que está com/ causando um grande problema para a escola, é um perigo eminente que deve ser combatido, fará dele exatamente isto, igualzinho acontecia por décadas com os dragões do filme,
             Na escola, ao nos propormos a dar o nosso olhar para o futuro de modo individual e coletivo, nós precisamos ser como o Soluço, que observou cuidadosamente o dragão e o tratou com afeto, treinando-o para se tornar um animalzinho de estimação, que foi o que aconteceu com todos os dragões no final.
             Não, eu não estou dizendo aqui que o afeto é o único elemento, não estou me referindo também a abraços, colos, e beijos que devem ser livremente ofertados aos alunos, mas sim de um olhar de Afeto, no sentido mais profundo da palavra que é o ato e a capacidade de AFETAR o outro com a sua existência. Esta é a premissa da educação e pessoas que enxergam alunos como seres que podem se tornar inimigos perigosos deveria procurar ganhar a sua vida com alguma outra ocupação mais simples, que não tenha tanto poder de afetar o outro como esta. 

             Agora, há uma lição que o filme não mostra para a escola...
             Soluço passa a maior parte do filme treinando o seu dragão sozinho e sem que os demais tenham conhecimento. Sozinho ele consegue transformá-lo em um bichinho de estimação para só então provar aos vikings que estavam todos terminantemente errados. NA ESCOLA NÃO É ASSIM! Na escola o trabalho que funciona é o que envolve toda a equipe, e uma pessoa não pode modificar a vida de uma criança, de um aluno sozinha, por isto não culpabilizo nenhum dos personagens adultos do vídeo, mas utilizo o exemplo deles para refletir e levantar estratégias para que situações como esta não mais aconteçam!
                A cena do vídeo não tem culpados, apenas vítimas. Vítimas da falência da educação, dos cursos de licenciatura que não preparam professores para enfrentar situações como esta, que não dão a eles ferramentas para compreender o que poderia estar se passando com o aluno, que os faz ter sobrecargas de trabalho para poderem sustentar suas famílias, espero que a exposição deste menino sirva para abrir os olhos de todos. Nós não temos uma solução para isto, porém dizer que ele deveria apanhar ou ameaçá-lo de chamar a polícia não resolve nada, e por isto nós escola precisamos buscá-la!

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

O Patinho Feio

      Com a intenção de refletir sobre temas como o Respeito às Diferenças e o aumento do repertório de estratégias para utilizar no enfrentamento de conflitos tão constantes nesta idade, elaborei um pequeno projeto em cima da história do Patinho Feio. 
      No primeiro momento levei os alunos assistirem o desenho que conta a história disponível neste endereço:
https://www.youtube.com/watch?v=KmNfGi4xzzg
      Em seguida, no mesmo dia, separei a turma em três grupos e pedi que cada grupo reproduzisse na folha um personagem, dividi a história em: Patinho Feio, Família de Patinhos e Família de Cisnes.
      Em um segundo dia os alunos que haviam representado a Família de Patinhos apresentaram o seu desenho e junto com a turma discutimos Como estes personagens se SENTIRAM no decorrer da história e o que o modo como agiram poderia nos ensinar, criando um combinado entre todos...

           No terceiro dia fizemos a mesma reflexão do mesmo modo acerca do personagem principal da história, o Patinho Feio...

              E no quarto e último dia concluímos refletindo sobre as emoções e atitudes da Família de Cisnes e novamente firmamos um combinado.
         
              Para concluir a atividade contei para eles a história dos Carinhos Quentes e entreguei uma bolinha de algodão a cada um para oportunizar a troca, partilha de carinhos em forma de algodão. Este algodão ficou como meio de fixar e poder ser lembrada a história sempre que necessário. 

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Conhecendo e controlando os sentimentos!


                   Na última segunda-feira os alunos do 4° ano da Escola Terra do Saber de Palotina - PR receberam, construíram e refletiram sobre a história "Bonzinho, mas nem tanto", a mesma que já descrevi a poucos dias...
                   Trata-se de uma turma mais madura, e por isto dei à atividade um outro encaminhamento... Primeiramente, pedi que eles se dividissem em cinco grupos e que cada grupo desenhasse um dos sentimentos descritos na história, encontrasse algo que o simbolizasse. São eles: Raiva; Pressa; Paciência; Responsabilidade; e Amizade e Amor.
                    Terminadas as produções dos alunos, eles as apresentaram explicando qual foi a lógica seguida na escolha de cada símbolo e finalmente eu contei a história e relacionamos com fatos do cotidiano.
                  A atividade foi super produtiva e as crianças se organizaram para levar o livro e as produções para fazerem a mesma partilha que fizemos com suas famílias. 

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Aprendendo a controlar os impulsos - 3° ano do Ens. Fundamental

     A mesma atividade que anteontem descrevi aqui no blog será descrita hoje... Resolvi fazer duas postagens por que na terça a realizei com alunos entre 3 e 4 anos e na quarta (que especificarei agora) com os de 7 para 8. 
    Justamente por se tratarem de crianças em fases e com competências completamente diferentes o encaminhamento da mesma atividade foi dado de modo também distinto, e por ser A ADAPTAÇÃO uma das qualidades do Psicólogo Escolar resolvi descrever ambas aqui...

     Trata-se de uma história que se chama "Bonzinho mas nem tanto" e tem o propósito de promover reflexão sobre nossas ações e tomarmos consciência de nossa capacidade de controlá-las. Conta a história que temos dentro da gente cinco bichos: um leão (que representa a raiva), um coelho (a pressa), uma formiga (a responsabilidade), uma tartaruga (a paciência), e um elefante (o amor e a amizade); e que precisamos domá-los para controlarmos os nossos impulsos.
      Para que a história fizesse sentido separei a turma em três grupos e pedi que produzissem os personagens da história, antes de contá-la...




            As crianças trabalharam com entusiasmo e curiosidade, quando todos foram finalizados iniciei a leitura da história deixando-os participar bastante, juntos fomos concluindo o que cada animal significaria e com quais atitudes alimentávamos cada um deles.
                  Eles gostaram tanto que organizamos uma escala para que todos pudessem levar a história para casa e contá-la para os pais, o que ajudará também na fixação do assunto abordado.



quarta-feira, 29 de julho de 2015

Aprendendo a controlar os impulsos - pré 1

 
     Nesta semana realizei uma atividade com os alunos do pré 1 da Pré-escola Aquarela com a história "Bonzinho, mas nem tanto" que tem o propósito de motivar os alunos a domarem os seus impulsos... Conta a história que temos dentro da gente cinco bichos: um leão (que representa a raiva), um coelho (a pressa), uma formiga (a responsabilidade), uma tartaruga (a paciência), e um elefante (o amor e a amizade); e que precisamos domá-los para controlarmos os nossos impulsos.
      Para que a história fizesse sentido separei a turma em pequenos cinco grupos e pedi que pintassem os personagens da história, antes de contá-la...





          Depois de trabalharem nesta produção ficou muito mais fácil e interessante ouvir a história que deu vida para estes personagens... Como o livro é um pouco longo e eles são pequenos contei apenas a parte mais importante para compreenderem o sentido da história.


sexta-feira, 26 de junho de 2015

Como administrar o tempo na escola??

       

        No modelo em que exerço o meu trabalho existe um número de horas semanais que estou em cada escola... A quantidade destas horas varia de acordo com o número de alunos e a demanda de cada escola, normalmente começo com menos horas e no decorrer dos anos elas vão aumentando, porém variam entre duas e oito semanais e para cumpri-las estipulo um dia fixo. 
        Porém, como devem ser administradas estas horas? 
        Existe algum critério que elenca prioridades?
        Sim, é possível organizar as coisas por uma lista de prioridades, é como se houvesse uma triagem automática, se ela não foi desenvolvida é necessário que o psicólogo a faça por escrito... No entanto o atendimento de demandas é sempre prioritário e dificilmente está na triagem por que costuma ser emergencial. 
         Pois bem, ontem pela manhã eu estava em uma escola onde atendo das oito às treze horas, é uma escola onde existem sempre pais para serem atendidos, a maioria busca voluntariamente. Lá atuo já há quatro anos, de modo que se criou uma cultura de procurar a minha ajuda e orientação. Justamente por esta procura ser grande, e ocorrer durante todo o ano, estipulei três horários para fazer atendimentos de pais, que são 8h, 10h40 e 11h30, justamente por que o meu trabalho não pode se resumir apenas a esta atividade. Ontem porém, o casal de pais que atendi as oito da manhã estavam com problemas muito sérios e que refletem em comportamentos completamente preocupantes no filho de três anos, nosso aluno. Às nove horas eu deveria encerrar aquele atendimento para cumprir minhas tarefas internas, no entanto continuei atendendo e orientando aqueles pais. Foi preciso discernir sobre a necessidade deles de receberem ajuda naquele momento, pois dispensá-los significaria continuar observando os mesmos problemas apresentados pelo filho até aquele dia, invalidando aquela uma hora já utilizada para este atendimento. 
          Eis que fiquei todo o tempo necessário com eles, fazendo encaminhamentos inclusive. Quando terminamos já era quase hora do outro atendimento e eu não consegui sair da minha sala sequer para almoçar.
          Tudo isto para exemplificar o quanto vai do feeling do profissional a organização do tempo na escola e também por que foi preciso contar com a tolerância de toda a escola que ficaram sem o auxílio de sempre.  

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Projeto Alimentação - Experimentando os Sabores

       Há algumas semanas eu descrevi aqui o começo deste projeto com alunos de nível 2 (quatro ou cinco anos) que tinha o objetivo de minimizar a resistência de alguns alunos a certos alimentos e até de um específico que se recusava a comer qualquer coisa que fosse oferecido na escola.
     Como já expliquei, a primeira semana foi a da Expectativa, confira os detalhes aqui:  http://psicoescolarcvel.blogspot.com.br/2015/05/projeto-alimentacao-conhecendo-os.html
       Na segunda semana os alunos foram estimulados a experimentarem CAFÉ bem amargo, suco de LIMÃO puro muito ácido e CHOCOLATE doce. As crianças ficaram tão empolgadas e acharam tão engraçado sentirem aqueles sabores que eu até esqueci de fotografá-los. Neste dia também, para melhor identificarmos as diferenças dos sabores a gente construiu um cartaz que no final ficou assim:

           Já na outra semana, experimentamos suco de MARACUJÁ puro bem ácido, PÃO FRANCÊS salgado e DOCE DE LEITE que o nome já diz e todos sabemos. Novamente os alunos demonstraram grande entusiasmo pela atividade. Neste dia contei para eles uma história explicando que assim como nosso cérebro a nossa língua também aprende, bem por isso é tão difícil gostarmos de alguns sabores no início. Neste dia propus às crianças que experimentassem os sabores com os olhos vendados, para comprovar que quem sabe o gosto é apenas a língua. Nem todos toparam, mas todos experimentaram tudo.

           Na quarta semana a gente estudou com mais detalhes as partes da língua de acordo com os sabores que elas identificam, e os alunos até pintaram uma língua separando estas partes para fixarem, Finalmente, experimentamos o JILÓ super amargo, o MILHO VERDE cozido salgado e BALAS DE GOMA docinhas. Preciso confessar que o jiló foi o ingrediente mais difícil do projeto, até por causa da sua aparência não muito atrativa, foi possível perceber que experimentá-lo exigiu bastante coragem por parte dos alunos, e neste dia teve uma aluna que, por causa dele, se recusou a comer.

          Para finalizar em grande estilo fizemos uma aula de culinária. Ensinamos as crianças e os deixamos montar sanduíches natural. Na hora de montar foi um sucesso e todos queriam colocar tudo no seu, porém no momento de comer alguns precisaram ser bastante estimulados, e nem todos comeram inteiro. 

           Apesar de eu ter me frustrado com as recusas das últimas duas semanas, o projeto cumpriu o seu dever. Os alunos que foram demanda para a sua execução demonstraram melhoras muito significativas em suas relações com os alimentos já nas primeiras semanas. Os pais foram colaborativos enviando para a escola os ingredientes que eram pedidos e as crianças aprenderam e se divertiram realmente.


domingo, 7 de junho de 2015

Atividade do Semáforo - aprendendo a lidar com os impulsos


      Na última segunda-feira os alunos do nível 1 da Escola Terra do Saber de Palotina confeccionaram um semáforo.
      Primeiramente fomos observar o sinal na rua e discutimos sobre a importância dele para que o trânsito seja organizado.
      Em seguida refletimos sobre o quanto isto pode nos ser útil também:

* primeiro PARAR para observar o que está acontecendo
* segundo PENSAR no que deve e é melhor ser feito
* e por último AGIR

      Depois de fazermos o semáforo grande cada aluno fez o seu e passou a semana toda com ele no pescoço para lembrar e poder se controlar melhor.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Projeto Alimentação - Conhecendo os Sabores

            Ontem dei início a um projeto diferente de tudo o que já fiz. Claro que só consegui elaborá-lo com ajuda da minha amiga Nutricionista Infantil e Escolar Ellen Beatriz Pietruszynski, dona deste blog, também recheado de dicas e ideias para escolas.:
 http://ellementar.blogspot.com.br/ 
            Idealizei este projeto por que na turma do Nível II da Escola Terra do Saber temos um aluno que tem ficado na escola sem comer nada, e mesmo considerando o fato de que isto pode ocorrer por que ele ainda não está totalmente adaptado considerei esta a melhor ideia para integrá-lo e fazê-lo perder um aparente medo dos alimentos que são ofertados na escola.
            Para começar, levei-os ontem para assistir um desenho dos personagens Charlie e Lola que se chama "Eu nunca, jamais, vou comer tomate" no qual Charlie precisa inventar muitas alegorias para convencer a irmã Lola a comer alimentos como: Ervilhas, Cenouras, Peixe frito, Batata e Tomate. O desenho só está disponível no youtube em espanhol, porém ficou bem fácil compreender e existe em português o livro com esta história. Mesmo assim, deixo para vocês o link: 
https://www.youtube.com/watch?v=L_v3QILnYgs
            Depois de assistirem e se divertirem com o desenho eu expliquei para eles o projeto, li o bilhete que foi enviado para os pais comunicando-os do mesmo, e pedi que eles registrassem através de um desenho aquilo que haviam assistido. 


                Deixei-os bastante instigados dizendo de um modo engraçado que a partir de semana que vem iremos conhecer sabores estranhos e pedi que os pais enviem alimentos doces, salgados, amargos e ácidos tais como: Limão, Chocolate, Pão, Jiló, Milho verde, Café, Doce de leite, Maracujá, entre outros, que serão experimentados nas próximas semanas e que conforme for acontecendo eu descreverei aqui.

domingo, 10 de maio de 2015

Bullying e Preconceito

           Na segunda-feira passada os alunos do 5° ano da Escola Terra do Saber de Palotina apresentaram um trabalho que havia sido proposto a eles há algumas semanas e que foi o encerramento de um projeto que durou cerca de dois meses. Este projeto tinha o objetivo principal de fazê-los conhecer e refletir sobre os dois fenômenos sociais que dão nome a este post.
            Preconceito e Bullying não são a mesma coisa, e nem sempre caminham juntos, porém ambos são motivados pelo desrespeito e pelo ódio, assim como produzem violência física e psíquica. 
            O trabalho que foi proposto e do qual dizem respeito as fotos que vocês podem ver, consistia em pedir que os alunos, individualmente ou em grupo, pesquisassem alguma notícia recente que envolvesse preconceito e a analisassem através da resposta para perguntas como:
* É possível perceber o agressor e a vítima?
* De que tipo de preconceito se trata o fato?
* Por que existe este preconceito?
* No lugar da vítima o que você faria?
E etc.
            Para concluir, fiquei bastante impressionada com o nível de discussão que houve a cada apresentação, e percebi que os alunos puderam realmente fazer um juízo adequado dos temas, e reforçar a prática do respeito às diferenças, sejam elas quais forem.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Jogo: Entendendo e Reduzindo os PALAVRÕES



              Na semana passada idealizei, confeccionei e apliquei uma intervenção com o objetivo de solucionar os problemas que palavrões causam na escola.
              Normalmente, em uma antecipação da pré-adolescência o uso destas palavras que consideramos vulgares e desnecessárias pode se tornar recorrente, e quanto mais este comportamento é reprimido mais ele vai se repetir nesta fase.
              Por isso, criei um jogo com nome de "Jogo das Palavras", no qual coloquei de uma cor os palavrões e em outra cor o significado de cada um deles... Primeiramente deixei o aluno manipular as cartinhas dos palavrões e observei a reação dele. Num segundo momento expliquei que aquelas palavras não eram adequadas, e que não representavam a raiva que muitas vezes buscamos expressar com o uso delas, e apresentei as cartas que continham o significado das mesmas, pedindo que ele as separasse encontrando o significado de cada uma.  
              Neste último momento foi possível conversar abertamente sobre o que os palavrões que estavam sendo utilizados por ele com frequência significavam, bem como trocá-las por palavras e comportamentos assertivos em momentos de raiva e frustração.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Chupeta e Mamadeira? Por que e até quando???

      Até completar três anos as crianças tem necessidades emocionais que envolvem vias orais. Elas colocam tudo o que vêem na boca, normalmente só aceitam o leite na mamadeira e recorrem a chupeta para se acalmar. Isto ocorre porque suas primeiras experiências sensoriais se dão pela boca, como por exemplo o alimento materno que é o primeiro contato da criança com o mundo externo. 
      No entanto até os 3 anos as crianças não percebem esta divisão, entre elas e este mundo externo, e por isso necessitam estender esta necessidade a objetos como chupeta e mamadeira por exemplo. 
      Porém se seu filho(a) já fez 3 anos, ele não necessita mais destes artifícios e eles tornam-se empecilhos para o seu desenvolvimento. Sendo assim, uma ótima maneira de ajudá-lo a superar esta fase é utilizando-se deste tempo de Páscoa... 
      Conte a ele(a) que o Coelhinho busca as chupetas e mamadeiras e por isso ele é dentuço, faça um ninho, deixe-o fazer um desenho e transcreva como ele gostaria que o Coelho da Páscoa cuidasse de suas coisas, e vá o preparando... Não imponha, mas trate isto como um fato sobre o qual não se pode fazer nada e às vésperas do grande dia faça a troca pelo ovo que o Coelhinho traria.
      Depois me conte como foi, por que já funcionou várias vezes!!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Bodas de Flores e Frutas



              Há exatamente 4 anos, depois de um namoro intenso e que ocupava uma parte considerável do meu tempo, o juiz de paz que neste caso era o representante do Reitor da Universidade Paranaense casou-me com a Psicologia.
              No outro dia foi a grande festa, lá tive a oportunidade de escrever e ler as homenagens, e meu texto tinha o intuito de responder à seguinte pergunta: "Quando foi que me tornei Psicóloga?" Me tornei Psicóloga e me torno a cada dia através de cada exercício da profissão, de cada conversa, de cada atendimento, de cada observação, de cada descoberta sobre algum indivíduo e seria impossível listar e agradecer aqui a tudo o que todos os dias me ensina!! 


              Hoje fazemos Bodas de Flores e Frutas, há um longo caminho pela frente, que há de ser trilhado com o mesmo amor e o mesmo esforço que me acompanharam até aqui!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Reunião de Profes - Começo do ano

         
            Nas duas últimas semanas, três escolas guardaram um momento da Semana Pedagógica para tratar de assuntos relacionados à Psicologia Escolar. Embora cada reunião tenha sido encaminhada de modo diferente a dinâmica principal se repetiu...
             Para que não ficasse massante em formato de palestra elaborei um jogo. Os grupos foram divididos em três subgrupos e a cada um foram dadas três afirmações e uma pergunta. Estas, levaram à discussão e reflexão sobre temas como Adaptação, Comportamento, Dificuldades de Aprendizagem e o Papel da Escola na Sociedade Contemporânea. 
              As afirmações eram analisadas pelo grupo que deveria responder se elas eram Verdadeiras ou Falsas, e justificar a sua resposta remetendo ao debate sobre os temas. Com relação a pergunta, da mesma forma, o grupo precisava refletir e responder.
              Quando a resposta estava certa o grupo recebia um pedaço de um quebra-cabeça, que montado nos remeteu à três palavras que precisam nortear o trabalho na escola. 


                Porém o quebra-cabeça só se montaria se juntássemos as peças, e as forças dos três grupos. Com esta analogia falei não só apenas da importância de cada uma das palavras, mas também do quanto é essencial que o grupo todo trabalhe unido e como uma equipe para que todos os alunos ganhem e consequentemente a escola ganhe também!
                 Para finalizar utilizei-me de uma historinha para ressaltar a importância de se compartilhar aquilo que é e que sabe, e compartilhamos balinhas confetes dentro desta lembrancinha confeccionada por mim!

domingo, 25 de janeiro de 2015

Infantolatria = Idolatria às crianças

           
           As atividades da família são definidas em função dos filhos, assim como o cardápio de qualquer refeição. As músicas ouvidas no carro e os programas assistidos na televisão precisam acompanhar o gosto dos pequenos, nunca dos adultos. Em resumo, são as crianças que comandam o que acontece e o que deixa de acontecer em casa. Quando isso acontece e elas já têm mais de dois anos de idade, é hora de acender uma luz de alerta. Eis aí um caso de infantolatria.
           “O processo de mudança nos conceitos de família iniciado no século 18 por Jean-Jacques Rousseau [filósofo suíço, um dos principais nomes do Iluminismo] chegou ao século 20 com a ‘religião da maternidade’, em que o bebê é um deus e a mãe, uma santa. Instituiu-se o que é uma boa mãe sob a crença de que ela é responsável e culpada por tudo que acontece na vida do filho, tudo que ele faz e fará. Muitos afirmam que a mulher venceu, pois emancipou-se e foi para o mercado de trabalho, mas não: é a criança que entra no século 21 como a vitoriosa. Esta é a semente da infantolatria”, explica a psicanalista Marcia Neder, pesquisadora do Núcleo de Pesquisa de Psicanálise e Educação da Universidade de São Paulo (Nuppe-USP) e autora do livro “Déspotas Mirins – O Poder nas Novas Famílias”, da editora Zagodoni.
            Em poucas palavras, Marcia define infantolatria como “a instituição da mãe como súdita do filho e o adulto se colocando absolutamente disponível para a criança”. E exime os pequenos de qualquer responsabilidade sobre o quadro: “Um bebê não tem poder para determinar como será a dinâmica familiar. Se isso acontece, é porque os pais promovem”.
A verdade é que existe um período em que os filhos podem reinar na família, mas ele é curto. “Quando o bebê nasce e chega em casa, precisa ser colocado no centro das ações, pois precisa ser decifrado, entendido. Ele deve perder o trono no final do primeiro, no máximo ao longo do segundo ano de vida, para entender que existe o outro, com necessidades e vontades diferentes das dele”, esclarece Vera Blondina Zimmermann, psicóloga do Centro de Referência da Infância e Adolescência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
A infantolatria ganha espaço quando os pais não sabem ou não conseguem fazer essa adequação da criança à realidade que a cerca e a mantêm no centro das atenções por tempo indefinido. “Em uma família com relacionamento saudável, o filho entra e tem que ser adaptado à dinâmica da casa, à rotina dos adultos”, afirma a psicóloga.
              Na casa da analista contábil Paula Torres, é ao redor de Luigi, de cinco anos, que tudo acontece. Entre os privilégios do garoto estão definir o canal em que a TV fica ligada e o dia do fim de semana em que será servida pizza no jantar. “Acho importante a criança se sentir amada e saber que suas vontades são relevantes para a família”, opina.
Ela conta que seu marido, o também analista contábil Luiz André Torres, não gosta muito disso e constantemente reclama que o filho é mimado demais. “Mas bato o pé e defendo essa proteção. Quando o Luigi crescer, será mais seguro para lidar com os adultos, já que suas opiniões são levadas em consideração pelos adultos com quem ele convive desde já”, acredita.
Não é o que as especialistas dizem. “Se o filho fica no nível dos pais, acaba criando para si uma falsa sensação de poder e autonomia que, em um momento mais adiante, se traduzirá em uma profunda insegurança. Ele sentirá a falta de uma referência forte de segurança de um adulto em sua formação”, explica Vera.
“Em uma família com relacionamento saudável, o filho entra e tem que ser adaptado à dinâmica da casa, à rotina dos adultos”
             Marcia diz ainda que, ao chegar à idade adulta, esse filho cobrará os pais. “Ele olhará ao redor e verá outras pessoas se realizando independentemente dele. A criança que acha que o mundo tem que parar para ela passar não consegue imaginar isso acontecendo e não está preparada para lidar com a mínima das frustrações. Em algum ponto, acusará os pais de terem sido omissos”.
Para Vera, supervalorizar os pequenos e nivelá-los aos adultos “é o resultado de uma projeção narcísica dos pais nos filhos, que se veem nas qualidades que enxergam em suas crianças”. Marcia concorda: “Isso tudo tem a ver com a vaidade da mãe, que considera aquele filho uma parte melhorada dela própria e, por isso, a criatura mais importante do mundo”.
               Muitas vezes, os pais não se dão conta de que estão tratando os filhos como reis ou rainhas, então precisam levar uns chacoalhões da realidade fora de suas casas. “Eles geralmente caem em si quando começa a sociabilização. A escola reclama porque o aluno não respeita as regras, a criança tem dificuldade para fazer amiguinhos porque as outras, com autoestima positiva, não querem ficar perto de alguém que ache que manda em todos”, aponta Vera.
“Em um futuro bem imediato, as reações dos colegas podem fazer a criança perceber que precisa mudar. Ela se comportará com eles como faz com a família e receberá a não-aceitação como resposta. Terá de lidar com isso para ter amigos”, afirma Marcia.
               Mesmo assim, ela ainda correrá o risco de não conseguir rever seus comportamentos devido a uma superproteção parental, adverte Vera: “Em alguns casos dá para ela se salvar, mas muitos pais preferem culpar o ‘mundo injusto com seu filho perfeito’, o que impede que ela entenda as necessidades dos outros e reforça seus problemas de inadequação para a adaptação social”.
Além de todas as complicações causadas pela infantolatria na vida dos filhos, ela prejudica – e muito – o casal que a promove. “Na relação saudável, o casal continua sendo o mais importante na família mesmo com a chegada da criança. Se os pais mantêm o filho no centro por mais tempo do que o necessário, acabarão se afastando”, alerta Vera.
              “Some o casal. O ‘marido’ e a ‘mulher’ passam a ser o ‘pai’ e a ‘mãe’. E se em uma casa a mãe é a santa e o filho é o deus, onde fica o espaço do pai?”, questiona Marcia. “Muitos tentam entrar, reconquistar seu espaço, mas outros simplesmente caem fora”, constata.
Sabendo disso tudo, os pais têm condições de se preparar para evitar os estragos na criação dos filhos. Marcia conta que percebe que as pessoas têm encontrado em sua análise uma saída para a tirania infantil.
           “Não sou adivinha, mas creio que o novo arranjo familiar, em que os pais também assumem funções na criação dos filhos e as mães seguem carreiras por prazer, vá ajudar a mudar o panorama, assim como os arranjos homoparentais que começam a ser mais comuns”, diz, para complementar: “Creio que todos os comportamentos continuarão existindo, mas temos a obrigação de trabalhar para reverter esse quadro. O filho não é o centro porque quer, mas porque o adulto permite”.
          Vera enxerga o futuro da situação de forma um pouco diferente. “Nossa sociedade é muito apressada e, no geral, não dá espaço para a preocupação com o outro. Isso tende a potencializar esse tipo de problema, a naturalizar para a criança o fato de que ela é o que mais importa, como aprendeu em casa com o comportamento dos pais em relação a ela”, finaliza.

Texto de Raquel Paulino